terça-feira, 13 de julho de 2010

Reflexão



“Hoje está tão frio! Acho que não vou à igreja”. Se você nunca disse isso, tenho certeza de que, pelo menos uma vez, já pensou. Não é difícil encontrar (ou inventar) desculpas como essa para não irmos à igreja. No inverno a desculpa é o frio, no verão é o calor, na primavera é a chuva. Durante a semana é o trabalho, no fim de semana é o descanso, no feriado é o recesso. De manhã é cedo demais, à noite é muito tarde.
Também temos desculpas para não nos envolver com o trabalho do Reino de Deus. A mais comum é a falta de tempo, mas também usamos a falta de dons ou a timidez. E por aí vai. Arrumamos desculpas para não orar, para não ler a Bíblia, para não evangelizar, para não dar o dízimo, etc. No entanto, o que estas e outras desculpas revelam é que, na verdade, não damos assim tanta importância a Deus como pensamos.
Sempre que usamos dessas desculpas desprezamos o valor eterno e infinito de Deus. É assim porque as desculpas pretendem camuflar ou justificar a troca que fazemos do valor do Reino e da Glória de Deus por coisas de valor finito. E quando trocamos Deus por qualquer coisa de valor finito, seja o que for, desprezamos o valor infinito de Deus. Na prática estamos dizendo para Ele: “Você não é nem importante, nem bom o suficiente, nem realmente necessário para mim”.
É como um homem que diz valorizar sua esposa pelo fato de todos os anos lhe fazer uma surpresa no aniversário de casamento, mas que todos os dias inventa desculpas para não ir para casa depois do trabalho para estar na companhia dos amigos. Ele pensa que a valoriza, mas de fato a despreza quando desconsidera o valor de sua companhia.
As desculpas são uma tentativa, talvez inconsciente, de convencer a nós mesmos de que não há nada de errado na maneira morna, distante e seca com que nos relacionamos com Deus. Uma tentativa da nossa velha natureza rebelde de calar a voz do Espírito de Deus que alerta para a necessidade que temos da misericórdia, da glória de Deus em Cristo e da comunhão no seu Reino todos os dias.
Por isso o apóstolo Paulo disse: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo…” (Filipenses 3.7-8).
O que Paulo está dizendo é que o valor de estar diante de Deus em Cristo é infinitamente maior e melhor que qualquer benefício ou conforto do presente. Por isso, considerar tudo como perda por causa de Cristo não é nenhum sacrifício. Considerar tudo como refugo é na verdade abrir mão de coisas de insignificante valor por aquilo que tem valor infinito. É ter prazer em Deus acima de todas as coisas. É amá-lo verdadeiramente e ser apaixonado por sua Glória. É ter sede de servi-lo e de lhe ser fiel em tudo, mesmo que o preço seja a própria vida.
Assim, todas as desculpas acabam sendo aquela do cego do qual fala o ditado popular, porque o valor de Cristo é inigualável. E no fim das contas, não temos desculpas porque o que não falta é motivo para ir à igreja ou para ter uma vida devocional regular (o valor da Glória de Deus é motivo mais que suficiente). O que falta é amor a Deus e paixão por sua Glória. Se tiver isso em meu coração, não me importarei se está frio ou quente, se é segunda, sábado ou domingo, se está cedo ou tarde, se está longe ou perto, se tenho carro ou se ando a pé. A única coisa que me importará é o valor infinito da Glória de Deus em Jesus Cristo, meu Salvador.


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